Mais uma participação minha, dessa vez na Revista Medicina Social (jan/fev/mar)
Medo de rejeição
“O
temor da reprovação, quando positivo, faz com
que
a pessoa se prepare, estude e se aprimore” (Psicóloga
e Psicopedagoga Regina Deichmann Ferrarezzo)
Tolerar situações
desagradáveis, sem dizer nada, pode ser mais prejudicial para a saúde, o bem-estar
e até para os relacionamentos que expor uma opinião.
Para o terapeuta holístico
André Lima, aqueles que preferem ficar calados receiam que o outro, ao demonstrar
não gostar de suas atitudes, esteja sugerindo que elas não tenham valor e, por
isso, são indignos de receber amor. “O medo de reprovação tem a ver com o medo
de ser rejeitado e, por isso, as pessoas estão sempre buscando reconhecimento e
aprovação”, diz. Lima ministra treinamentos voltados para o desenvolvimento
pessoal e profissional com base em uma técnica criada pelo psicólogo
norte-americano e estudioso de acupuntura e cinesiologia Roger Callahan,
chamada Emotional Freedom Techniques (EFT). O método consiste no desbloqueio
dos canais energéticos, que são chamados de meridianos, enquanto a pessoa se
sintoniza em um problema emocional ou físico. Os meridianos são os mesmos
estudados pela acupuntura. Para ele, existem níveis de intensidade do medo de
rejeição e da busca por aprovação e reconhecimento.
“Quanto mais baixa a
autoestima, mais intenso tende a ser o medo da reprovação, que pode se
manifestar não só pela dificuldade em expressar opiniões como também pelo medo
de fazer perguntas em sala de aula, falar em público ou pelo desconforto ao ser
o centro das atenções. Também pode ser revelado pela necessidade de agradar os
outros e de impor limites; de levar tudo para o lado pessoal; pela preocupação
excessiva com a aparência; ou, ainda, pela necessidade de se defender ou de
provar o contrário.”
“A opinião dos outros a seu
respeito só o incomodará se você estiver com a autoestima baixa. Do contrário,
quando a sua autoestima está elevada, os níveis de autoaceitação e autoaprovação
também são altos e, por isso, opiniões de terceiros terão pouco ou nenhum poder
sobre o seu estado emocional”, acrescenta.
Por outro lado, a psicóloga e psicopedagoga Regina Deichmann Ferrarezzo relata
que o medo da reprovação também pode ser positivo. Neste caso faz com que a
pessoa se prepare, estude e se aprimore. Ela explica que, quando a pessoa não consegue
realizar tarefas ou sonhos, é porque desenvolveu um medo patológico que é, na
verdade, um estado emocional pessoal. “O medo patológico pode se manifestar em razão
de uma situação de estresse ou de ansiedade excessiva, por exemplo. Pode também
ser oriundo de uma situação traumática vivenciada anteriormente, como um
assalto”, diz. A psicóloga também afirma que a pessoa com medo pode desenvolver
doenças como gastrite, depressão e transtorno do pânico. Em um ambiente de
trabalho terá dificuldade em lidar com os colegas e se impor, além de
demonstrar dificuldade em lidar com figuras de autoridade, expor pensamentos,
opiniões e projetos. O medo patológico, no entanto, pode ser tratado. Segundo
Ferrarezzo, para que isso seja possível, a pessoa precisa, antes de tudo, ter consciência
de que esse medo está acarretando prejuízos e precisa ser transformado em medo
positivo. Ela conta que seu trabalho visa, inicialmente, fortalecer a
autoestima da pessoa, controlar sua ansiedade, realizar treinos para domínios
das emoções e do corpo, para que possa se sentir segura e se preparar para enfrentar
problemas de maneira saudável.
A psicopedagoga Lucy Duró,
da Evoluir Educacional, empresa que dá suporte didático-pedagógico para o
profissional de educação, retrata, contudo que, apesar de o medo ser uma defesa
do organismo, que tem como objetivo afastar a pessoa do perigo, ele não é uma
patologia e, por isso, não se pode falar em cura. “Na medida em que a pessoa se
afasta daquilo que a coloca em risco, não sentirá mais medo. Contudo,
dependendo da situação, o medo poderá suscitar um impacto psíquico como um trauma
que possibilita desencadear futuras psicopatologias”, diz, ao frisar que cada
caso tem suas particularidades que devem ser consideradas pelo profissional
responsável por avaliar e determinar o tipo e o tempo de tratamento indicado.
Na visão de Cássia Solange
de Oliveira Lourenci, consultora de Recursos Humanos da 4People, empresa de
serviços na área de formação e consultoria empresarial, a baixa autoestima e a
falta de confiança podem surgir em qualquer etapa da vida, mas em geral
aparecem na infância ou adolescência, fases em que a personalidade das pessoas
é construída. “Elas atrapalham todas as relações de uma pessoa, pessoais e
profissionais, e, portanto, podem impedir um crescimento na carreira.” Ela
explica que em coaching não se fala em cura, mas em eliminar ou minimizar o
sentimento de constrangimento que impede as pessoas de alcançarem os seus
objetivos. “Contribuímos para o desenvolvimento da competência necessária para
istopor meio da mudança de paradigma e hábitos”, diz.
(Renata
Bernardis – revista Abrange, medicina social de grupo – Jan/Fev/Mar 2014,
paginas 22 e 23)